12/12/2025
Uma pesquisa inédita desenvolvida pela Unesp de Araçatuba (SP) em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) está quantificando, pela primeira vez no Brasil, os prejuízos causados pelas inflamações gengivais em bovinos. As doenças, frequentemente silenciosas, podem comprometer desempenho, ganho de peso, reprodução e até o bem-estar dos animais.
O estudo foi conduzido nas fazendas da Agropecuária Estrela do Céu, no interior de São Paulo, com coordenação da pesquisadora Ana Carolina Borsanelli, participação de Júlia Rebecca Saraiva (UFG) e supervisão do professor Iveraldo Dutra (Unesp).
As gengivites têm origem bacteriana e, quando não tratadas, podem evoluir para quadros mais graves, como:
reabsorção óssea;
retração gengival;
afrouxamento dos dentes;
perda dentária precoce.
Segundo as pesquisadoras, esses problemas tendem a reduzir a eficiência alimentar e gerar quedas no desempenho, afetando diretamente a produtividade do rebanho.
No grupo de 276 novilhas acompanhadas em Lavínia (SP), após o diagnóstico de gestação, verificou-se que muitas das fêmeas vazias apresentavam quadros severos de doença periodontal, incluindo presença de pus e perda de dentes.
Esses animais também apresentaram 20 a 30 kg a menos de peso corporal.
“Fêmeas com agravamento na saúde bucal tendem a ser mais leves, o que pode atrasar a entrada na reprodução ou dificultar a reconcepção”, explica Júlia.
Outro grupo composto por 150 bezerras em fase de recria foi avaliado na Fazenda São Pedro, em Agudos (SP). Foram realizadas 4.800 observações dentárias, e em 30% delas havia sinais de gengivite.
A pesquisa reforça que a doença é mais comum do que se imagina e, por ser silenciosa, tende a passar despercebida até que seus efeitos já estejam instalados.
Para avaliar o impacto de intervenções, a equipe forneceu virginiamicina misturada ao sal mineral tanto às bezerras quanto às novilhas diagnosticadas.
O estudo está mensurando:
a redução percentual da gengivite após o uso do aditivo;
o tempo necessário de fornecimento;
o momento em que a doença mais costuma aparecer;
os sinais clínicos que devem acender alerta no produtor.
A pesquisadora Ana Carolina destaca que, na ovinocultura, os impactos da saúde bucal já são amplamente documentados, com registros de queda de produção de leite e nascimento de borregos mais leves.
“É o primeiro projeto que coloca em números os prejuízos da periodontite em bovinos, quantificando perdas produtivas e reprodutivas”, afirma.
Com os resultados iniciais, o estudo abre caminho para protocolos de manejo preventivo e tratamentos mais precisos, ajudando pecuaristas a reduzir perdas e melhorar o desempenho do rebanho.
Fontes: Portal DBO
Unesp de Araçatuba (SP)
Universidade Federal de Goiás (UFG)
Texto adaptado pela equipe Rural Total News
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